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5 mai 2010 3 05 /05 /mai /2010 08:00

  Conclusão, por Henrik Lindell

 

 

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Henrik Lindell é jornalista em Témoignage  Chrétien  desde 2001. É o encarregado das questões internacionais. De origem sueca, fez numerosas reportagens em África, nomeadamente na RDC e no Congo Brazzaville.

 

 

 

 

 

 

 

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A África: um bilião de boas notícias

 

Vinte por cento da superfície da terra. Cinquenta e sete países. 16,5% da população mundial. Um bilião de pessoas. Um bilião de boas notícias.

 

A África é um continente magnífico onde se situam, talvez, as origens da humanidade. Há lá recursos humanos, culturais, naturais inestimáveis. Será um lugar comum dizer isto? Mas ousemos fazer afirmações positivas que não se fazem em número suficiente nas revistas sérias.

 

A África é um conjunto de culturas muito diferentes que são exportadas por toda a parte e que, historicamente, em contacto com outras culturas, influenciaram muitas expressões contemporâneas. Se isto fosse um lugar comum ou um facto sem interesse, seria preciso suprimir praticamente toda a música popular dos nossos jovens. E o seu modo de vestir. Assim como o estilo das suas dansas

 

A África poderia dizer-nos algo importante em matéria de ecologia já que aí o homem vive geralmente em simbiose com o seu ambiente natural. Ainda um lugar comum? Não se formos lá. Aí as energias renováveis desenvolvem-se de um modo surpreendente,

 

Aí o homem é geralmente menos alienado que no Ocidente. Não é verdade? Então porque é que tantos Africanos ficam deprimidos na região parisiense onde têm tudo o que lhes faltava em África?

 

A África é um mundo onde ainda se acredita em alguma coisa de inultrapassável e isso é muito bom. Verdade penosa para os nossos ouvidos tão racionais? Mas será que conheceis muitos Africanos não crentes? Nós também não. É, pois, verdade. Estas crenças são necessárias? Em África, é evidente. E em França? Também aí, ide à região parisiense ( mas aos arredores pobres) e terei a resposta. Sim, o Evangelho, quando ainda é proclamado, é-o muitas vezes por Africanos e isso diz muito a alguns Europeus quer se queira quer não. Quanto à Igreja católica de França, ela serve-se de centenas de jovens padres africanos e não parece estar descontente. É que já não há  muitos padres franceses jovens

 

A África é o continente mais jovem

 

Portanto logicamente aquele cujo futuro está mais garantido. Não? Não. E asseguram-nos: a África é o continente mais pobre! 2% do comércio mundial  Excepto na África do Norte ou no sul do continente, não há Macdonald’s ou Starbuck. E os países produtores de petróleo na África subsariana estão em último lugar na sua exploração. Nos nossos media, e o autor destas linhas também se sente culpado, diz-se muitas vezes que tudo vai de mal em pior. As raras excepções – de riqueza e de bem estar -  existem apenas para confirmar a regra: a África é pobre. As notícias de África são sempre muito más. Ou miseráveis. Ou exóticas. Ou zoológicas. Ou ligadas ao que ficou da França em África. Na realidade, Dante já tinha dito muito bem: é sempre mais fácil contar más notícias, descrever a desgraça e o horror que dedicar-se ao que vai bem e à felicidade.

 

O nosso propósito neste artigo e em todo  este Hors Série de Parvis não é dizer que tudo vai bem em África. Seria ridículo. Mas deixemos de pensar que tudo vai mal. Porque é falso. Eis algumas verdades quantificáveis demasiadas vezes esquecidas.

 

A África é rica (e não somente pelas suas matérias primas)

 

Em África, diz-se, a riqueza mede-se pelo número de amigos, de familiares, de conhecidos. Uma pessoa rica é uma pessoa que tem uma família numerosa. E a maior parte dos Africanos tem uma grande família.

Sem mesmo evocar os imensos recursos energéticos, sem pensar nas potencialidades agrícolas que fazem da África um continente efectivamente muito rico no sentido económico do termo, pode afirmar-se à parida que a África é rica. Graças aos Africanos. E isto segundo a definição dos próprios Africanos. Não é um ponto de vista. É um facto.

 

Se tendes dúvidas, dai uma volta por Goma, no Congo-Kinshasa. Ou, se achardes isso muito complicado, ide dar uma volta pelos bairros populares de Dakar. Há pessoas que sobrevivem e outras vivem mesmo correctamente, segundo a sua definição, em condições materiais que acharíamos indecentes no Ocidente. Mas ali, onde a vida não deveria ser possível, estatisticamente, ali onde se ganha menos de um dólar por pessoa (é a definição internacional, segundo a ONU, da pobreza absoluta) a vida é possível. Há pessoas que nascem, são educadas, vão à escola, casam-se, fazem e educam filhos, vèm televisão e têm mesmo acesso ao telemóvel. Às vezes, manifestam o seu descontentamento sobretudo acerca da carestia de vida, Às vezes, são autorizadas a participar em eleições dignas desse nome (é o caso do Srnegal, por exemplo). Embora oficialmente, monetariamente, do ponto de vista fiscal não tenham nada. Não têm um salário oficial.

 

Haverá todos os dias uma multiplicação dos pães? Talvez! É o que diriam alguns cristãos africanos. Mas uma coisa é certa: inventam-se sistemas D como explica muito bem o economista Serge Latouche. Economias “paralelas” – mas economias mesmo assim – que permitem à grande maioria alimentar-se. Criam-se assim alternativas a uma economia mundial e injusta

 

Há, pois, alguma coisa, nessa África popular que vive muitas vezes na miséria que o Ocidente não compreende. Entre nós, já não se compreende, por exemplo, que o ser humano é sempre uma riqueza. E não apenas no sentido”humanista” do termo. Mas no sentido dos recursos humanos: cada ser humano sabe fazer alguma coisa. Cada um tem competências. Cada um é útil aos outros. E praticamente todos têm uma família ou amigos. No seio dessa família  - sempre no sentido amplo que ela tem em África - pratica--se a solidariedade. Em África, onde não há ou já não há o Estado, há sempre a família. E é ela –  enquanto grupo primário e alicerce na vida de um ser humano – que faz com que a África seja um continente rico.

 

A esperança de vida aumenta

 

A esperança de vida aumenta em África. E o nível de vida cresce. Vive-se melhor do que há dez anos. Às vezes, melhor do que há vinte. E certamente melhor do que na época das colónias. Insistir nisso pode parecer escandaloso. Há doenças que às vezes dizimam aldeias inteiras. Um sistema económico neoliberal condena os países africanos que têm um “desenvolvimento humano débil” a mendigar as migalhas da mesa dos ricos. Há guerras de baixa densidade que continuam a matar a fogo lento no Sudão e noutros lugares. Mas, no último relatório do PNUD ( o de 2009) , está dito preto no branco: o país onde se vive menos tempo em África é a Serra Leoa. A esperança de vida aí é de 47,3anos. Nesse ponto, só há um país no mundo pior: o Afeganistão (43,6 anos). Este país é conhecido porque sofre uma guerra – da Al  Qaida, dos talibãs e dos Americanos. Mas não é conhecido pela sua pobreza material

 

O crescimento económico é positivo

 

Adivinha: qual é o único país do mundo que teve um crescimento económico em média superior a dois algarismos durante duas décadas? A China? A Coreia do Sul? O Dubai? Não. O Botswana. Este pequeno país diamantífero vizinho do gigante da África do Sul é também aquele que luta mais eficazmente contra a corrupção e contra a pobreza.

 

A grande maioria dos países africanos tem actualmente um crescimento económico superior ao crescimento demográfico. Este crescimento é impulsionado pelas empresas exportadoras, muitas vezes no sector extractivo.

 

Sugerimos inicialmente que o capitalismo ocidental não resolverá todos os problemas económicos do continente. Claro. Mas os Estados e as empresas africanas precisam de dinheiro para investir nas infra estruturas e para organizar a auto suficiência alimentar quando isso é possível. Precisam de desenvolver os mercados entre as regiões e entre os países. O desenvolvimento de um certo capitalismo em África poderá permitir as despesas necessárias. Poderá permitir também evitar a armadilha do endividamento. Ajudados pelo Fundo monetário internacional e pelo Banco mundial, alguns Estados já estão a consegui---lo aos poucos, nomeadamente na África do Norte e do Oeste.

 

A África democratiza-se

 

Houve um tempo em que um presidente francês podia dizer que “ a África não estava madura para a democracia”. Era, na altura, Jacques Chirac. Antes dele, François Mitterrand confessava que, apesar das suas bonitas palavras, não acreditava verdadeiramente na democracia em África. Ele tinha apoiado vários regimes ditatoriais entre os quais um que foi  responsável por um genocídio no Rwanda. Em Dakar, em 2007, Nicolas Sarkozy evocou uma África que não tem história. Como os seus predecessores, Sarkozy estava evidentemente enganado. Este continente têm certamente uma boa dezena de ditaduras condenáveis, entre as quais algumas que estiveram ligadas à França (Congo- Brazzaville, Gabão e Tchad) Mas estes regimes caricaturais não nos devem fazer esquecer a evolução histórica de fundo: a África democratiza-se com passos de gigante. Senegal. Mali, Serra Leoa e Botswana são “pequenos “ países que se tornaram democráticos. Mas há também os maiores: a África do Sul e a Nigéria. E o Congo-Kinshasa, apesar da situação por vezes caótica, está a começar a habituar-se a consultas populares e a um regime que respeita, ao menos, um certo equilíbrio nacional. Isto não é pouco quando se recorda que no Congo-Kinshasa, duas guerras regionais, a de 96-97 e a de 98- 02 fizeram quatro milhões de mortos. Em geral, os media noticiam muitas fraudes eleitorais. Mas isso acontece cada vez menos. Os media, e nós fazemos parte deles, não dizem suficientemente que a maioria dos países africanos são oficialmente democráticos. Muitos saberão provavelmente que a Costa do Marfim continua muito instável.  Estão reunidas todas as condições políticas para que rebente, de novo, uma guerra. Mas talvez não se saiba que, num país vizinho, o Ghana, na última eleição presidencial em Janeiro de 2009,o candidato da oposição Johan Atta-Mills, sucedeu pacificamente a John Kufuor que tinha reinado durante dois mandatos. E assim se respeitou a constituição. A democracia reina no Ghana. E isto corresponde à tendência geral em África. É uma boa notícia. E nós não temos o direito de desvalorizar estas boas notícias.

 

Henrik Lindell

 

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 Carte afrique

 

 

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Octobre 2009,


Les associations de la Coalition Publiez Ce Que Vous Payez – France, se retrouvent à Paris, au Secours Catholique, rue du Bac, avec Marou Amadou et Ali Idrissa, tous deux membres de la coalition PCQVP – Niger.

Marou a été arrêté et incarcéré le 10 août pour les positions qu'il avait prises en tant que Président du Fusad sur le coup d'état constitutionnel. Il a été mis en liberté provisoire après cinq semaines d'incarcération et vient quelques jours en France et en Belgique. C'est l'opportunité pour nous de rencontrer ces deux militants.


Je suis allé à cette rencontre avec camescope et appareil photo. Mais en les entendant et en comprenant ce qui se passe au Niger, je me dis : « Vaut mieux ne pas sortir mes appareils. Mettre Marou et Ali sur internet, c’est les exposer un peu plus ».

Je leur pose tout de même la question :

- « Il vaut mieux éviter les photos et les interviews sur internet ? ».

Mais, surprise :

« Non, au contraire. Vous pouvez filmer, faire connaitre notre combat. Nous voulons vivre. Nous n’avons pas peur. Nous voulons une meilleure répartition des richesses, nous voulons un peu plus de démocratie. Pourquoi avoir peur ? Nous ne pouvons pas vivre dans la peur. Soutenez nous. »


Gérard Warenghem

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